Exposição Intimidades


Instalação que articula trabalhos de cinco artistas interessadas em investigar o cotidiano, aspectos da rotina, do dia-a-dia, com o foco mas suas intimidades. Construída no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, integrando a 3ª Bienal B 2010, e pode ser visitada entre 21 de outubro e 26 de novembro de 2010.
A Instalação é composta pelos trabalhos Reclusão (de minha autoria), que forma um espaço reservado e intimista, e acolhe em nichos os demais trabalhos da exposição. O trabalho Reclusão foi construído especialmente para o espaço, levando em conta a proposta do grupo, a configuração da sala, incidência de luz da rua e o fluxo de pessoas. Composta por diversas camadas de tecido (voile) que, transparentes, permitem a vista para o interior e entorno com nitidez variável conforme o ângulo, configura-se como um elemento de revelação e ocultação ao mesmo tempo. A estrutura leve, que balança, alarga e estreita seus limites com o vento, faz pensar sobre a maleabilidade de nossa própria intimidade. Já a cor preta do tecido, que produz os limites entre dentro e fora, entre um nicho e outro, gera uma dualidade: passa a idéia de que o outro lado está escuro. De fora, a imagem é de um bloco preto, quase fúnebre, apenas algumas luzes fracas, siluetas de objetos pouco iluminados. Dentro, vemos os espaços cheios de vida, os trabalhos das artistas com seus objetos, rotinas, intimidades. Desse ponto de vista, o exterior é que parece escuro e apagado.
Um pouco dos trabalhos internos: Helena Zorzi ocupa uma vitrine de documentos do Arquivo Público com objetos que coleciona em sua rotina, ressig-nificando-os. Fernanda Bec produz um diário fotográfico de um dia organizando sua casa, cozinhando, fazendo todo tipo de tarefas absolutamente banais e rotineiras, ainda que pessoais e na intimidade de sua casa. Janete Nedel articula palavras de parafina em meio à luz, organizando frases que ramificam-se em outras e mostram seus pensamentos não lineares e focados no momento de execução da própria tarefa de produção do trabalho. Já Lidiele Beriel registra fotograficamente detalhes do corpo que denotam particularidades que freqüentemente são compreendidos como vergonhosas ou feias, e mistura-as com sorrisos, olhos e partes "belas". Reflete sobre a identidade, personalidade e a individualidade.


Janaína Castoldi. Reclusão. 2010. Estrutura em Voile, canos de PVC, arames, lâmpadas e fiação elétrica. 6 x 3,4 x 3 m

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